terça-feira, 14 de maio de 2013

Memória, Devoção e Brasilidade


Será inaugurada hoje à noite, no Museu de Arte Sacra de São Paulo, a exposição "Memória, Devoção e Brasilidade", que reúne peças da coleção do casal Ruth e Paschoal Grieco, com curadoria de Beatriz Vicente de Azevedo. Serão exibidas 93 peças, entre imaginária, talhas, mobiliário, pinturas e prataria.




Funcionalidade e simbolismo são marcas de cada uma das peças pertencentes ao núcleo de prataria sacra cristã desta coleção, reunida pelo casal Grieco, tais como navetas, turíbulos, caldeiras para água benta, sinetas, âmbulas, cálices, galhetas, bacias, gomis, luminárias, candelas e castiçais. Entre os destaques da exposição estão a coroa, o bastão e a salva encimada por uma pomba, objetos utilizados na tradicional Festa do Divino Espírito Santo.




A prata não era um material fácil de obter no Brasil colonial e imperial. Ela era trazida das minas de Potosí (Bolívia) através do Rio da Prata, do México e da Espanha. Era também fundida por ourives a partir de objetos estragados ou fora de moda. Uma outra alternativa foi o uso das moedas circulantes, devido, inclusive, à qualidade da liga de cunhagem, e seu uso foi tão intenso que o dinheiro na colônia tornou-se escasso. Após inúmeras tentativas de se fiscalizar metais e pedras preciosas em circulação pelo Brasil, foi promulgada em 1766 a Carta Régia, que proibiu terminantemente o ofício de ourives no país, lei esta que vigorou até 1815. Durante esses 49 anos os ourives continuaram a atuar e, ao que tudo indica, em maior número. Peças desse período revelam um aprimoramento técnico desses artistas perseguidos.


“Na época do Facebook, Twitter, do efêmero e descartável a possibilidade de acesso e de fruição dos objetos que compõem a coleção do casal Grieco é um privilégio. Os bens culturais que Ruth e Paschoal com rigor e critério reuniram ao longo de mais de quatro décadas são testemunhos ‘sólidos’ e relevantes da memória e da identidade brasileira”, comenta Beatriz Vicente de Azevedo sobre os objetos em exibição.
Um dos objetivos da mostra é reafirmar a enorme importância que as coleções particulares possuem para a preservação de patrimônios culturais. “Após o contato com o objeto, tem início uma inquietação, um desassossego que se traduz em muita observação, pesquisa, estudo e crítica. O casal Grieco é extremamente rigoroso nas escolhas, apesar de ser encantado com a força e o sabor da arte brasileira do período colonial e imperial”, avalia a curadora.
Além dos objetos em prata, será exibida uma seleção de pinturas, móveis e imagens, também da coleção Ruth e Paschoal Grieco, iconografias utilizadas tanto para o culto litúrgico, oficiado nas igrejas, quanto para as devoções domésticas e populares.



"Nossas viagens sempre incluíram visitas a museus, antiquários, compra de livros, enfim, queríamos aprender mais e mais", contam Ruth e Paschoal. "A nossa casa, embora repleta destas peças antigas, é alegre. Ela abriga nossa família, os nossos amigos e a nossa coleção. Seu encantamento está nas múltiplas possibilidades de escolha que tivemos ao longo da vida".

----------------
N.E.: Eu tive o privilégio de conhecer várias destas peças ao vivo, durante jantares deliciosos na casa de Ruth. Posso recomendar, sem hesitação: a visita à exposição é imperdível!




Exposição: Memória, Devoção e Brasilidade – Coleção Ruth e Paschoal Grieco
Curadoria: Beatriz Vicente de Azevedo
Abertura: 14 de maio de 2013, terça-feira, às 19h
Período: 15 de maio a 07 de junho de 2013
Local: Museu de Arte Sacra de São Paulo. Avenida Tiradentes, 676, Luz, São Paulo. Metrô Tiradentes.
Tel.: (11) 3326.3336 – visitas monitoradas
Horário: terça a sexta das 9h às 17h, sábado e domingo das 10h às 18h
Ingresso: R$ 6,00 (estudantes e professores pagam meia); grátis aos sábados

Nenhum comentário: