quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Mágico

Este é o Bird Repeater, relógio criado em 2012 pela suíça Jaquet Droz. O modelo é um autômato, que une engenhosidade a técnicas decorativas, como gravação, pintura e esmaltação.


No mostrador, dois pássaros (símbolos das montanhas do Jura, terra natal de Pierre Jaquet-Droz, fundador da marca) estão juntos sobre um ninho. Em outra referência às origens da relojoaria, a cachoeira Saut du Doubs também figura ao fundo.


Aí vem a magia: esta imagem tridimensional ganha vida! Enquanto um dos pássaros alimenta um dos filhotes, o outro exibe o colorido de suas asas. O ovo abre e revela mais um personagem e, ao fundo, a água da cascata flui.
Oito mecanismos diferentes atuam em sincronismo para movimentar a cabeça e as asas dos pássaros, a eclosão do ovo, o brilho da água fluindo. 
Ah, o relógio tem caixa de  ouro com 47 mm de diâmetro e apenas 18,4 mm de espessura. Maravilha da alta relojoaria!

 video: Pi Production

Fotos: Jaquet Droz

P.S.: O modelo ganhou novas versões  nos anos seguintes, mas isso é assunto pra outro post... 

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Sobre leilões, diamantes fancy e recordes

Quando acontecem leilões importantes no hemisfério norte, sempre acompanho virtualmente.  Meu interesse começa desde os catálogos preparados pelas casas leiloeiras, uma delícia de folhear e também uma oportunidade para  aprender, pois são recheados de informações, seja sobre a histórias das joias e gemas, seja sobre especificações técnicas. 


Na quarta-feira, 11 de novembro, minha atenção se voltou para o leilão da Sotheby’s, em Genebra. Havia muitas peças magníficas à venda e, entre elas, o Blue Moon,  raro diamante azul que cumpriu seu papel de destaque e alcançou um novo recorde mundial para qualquer diamante já ofertado em leilão.  Foi a última peça de uma venda que durou todo o dia.




Este vídeo mostra o diamante azul em bruto e detalhes de sua lapidação pela
Cora International NY (saiba mais aqui)


De olho na divulgação de cada lote, minuto a minuto, acompanhei as joias que corresponderam ou superaram as estimativas e, até mesmo, as que não foram vendidas, para certificar o preço obtido assim que o leiloeiro o confirmava em seu site e, somente depois, divulgar a nossos leitores.


Pois bem, o Blue Moon foi vendido (veja aqui) por exatos US$48.468.158,00 (valor com taxas inclusas) – arredondados na divulgação para US$48,5 milhões. Logo após o bater do martelo, a Sotheby’s divulgou que havia sido comprado por um colecionador chinês, que já tinha rebatizado o diamante como “Blue Moon of Josephine” (lua azul de Josephine).





Ao ver o nome, me lembrei de uma notinha que publicamos no Joia br,  em 2009 (veja aqui), sobre a venda de um diamante azul (proveniente da mesma mina onde foi retirado o Blue Moon) ao colecionador Joseph Lau Luen-Hung, de Hong Kong que, por sua vez e direito, o renomeou como "Star of Josephine" (estrela de Josephine).  

Mistério desfeito, eis aí o nome do chinês, que ainda adquiriu, na véspera da venda do Blue Moon, outro diamante espetacular, rosa fancy vívido de aprox.. 16,08 quilates em lapidação cushion, desta vez da Christie’s, e deu a ele o nome de “Sweet Josephine” (doce Josephine). Pagou 28,5 milhões de dólares! Segundo comunicado pela casa de leilões, este foi o maior diamante deste tipo (corte e cor) a ser vendido em leilão* e estabeleceu um novo recorde mundial.





Os três diamantes famosos e raros, todos montados em anéis, ostentam o nome Josephine – uma homenagem à filhinha de Joseph Lau. Garota de sorte!




* Por falar em recordes de diamantes coloridos, tenho que citar aqui o Pink Star, um fabuloso diamante rosa que foi leiloado em 2013 por 83 milhões de dólares – considerado, à época, o detentor do recorde mundial de preço para qualquer diamante vendido em leilão (veja a notícia aqui).  Porém, algum tempo depois, a Sotheby’s teve o diamante devolvido, pois o comprador não fez o devido pagamento. 

O Pink Star possui mais que o dobro do tamanho do Graff Pink, outro magnífico diamante rosa vendido por 46 milhões de dólares pela mesma casa de leilões, em novembro de 2010 (veja aqui).






terça-feira, 10 de novembro de 2015

Joia portuguesa, com certeza!

Entre as várias técnicas de ourivesaria, uma das que mais me encanta é a filigrana (técnica decorativa onde finos fios e bolinhas de metal são soldados de forma a compor um desenho). 



Conhecida desde a antiguidade, a filigrana aparece em diversas culturas ao longo do tempo (um dos temas da coluna de Julieta Pedrosa  - clique aqui para ver), mas hoje é mais lembrada pelas joias produzidas no Norte de Portugal (como nos fala Karina Achoa – veja aqui).  

Há alguns anos, tive a oportunidade de encontrar vários fabricantes em uma feira de joias na cidade do Porto e pude ver de perto verdadeiras obras de arte. Fiquei sabendo também, nas conversas que tive, um pouco da rica história da ourivesaria portuguesa - um aprendizado e tanto!

Hoje quero compartilhar com vocês o trailer de “Ouro de Lei, histórias do ouro popular português”. O filme de Carlos Eduardo Viana foi produzido pela Associação Ao Norte para o Museu do Traje de Viana do Castelo e transmitido, em novembro de 2013, pelo canal de TV  RTP2, de Portugal.
O documentário aborda a importância das peças tradicionais de ouro na cultura popular, a utilização como ornamento ou como moeda de troca nas operações de compra e venda, o seu simbolismo e fonte de inspiração na criação de joias contemporâneas. A fabricação artesanal de algumas peças (incluindo o trabalho de filigrana) é registrada no trabalho minucioso de artesãos de Póvoa de Lanhoso e de Gondomar.
Aperte o play:




vídeo disponibilizado pela Ao Norte


Não sendo possível conferir o documentário na íntegra, pesquisei na Web e encontrei outro filme do diretor, de 2007: “O Ouro Tradicional de Viana do Castelo”. Se quiserem saber mais sobre a história da ourivesaria portuguesa, acessem o vídeo aquiVale muito assistir!



P.S.: No Brasil, em 2012 , foi lançado o livro "Filigrana - História e técnica", de autoria de Thais Guarnieri e Mariana Ribeiro, com um primoroso trabalho de pesquisa (saiba mais aqui)